terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ritual tradicional: Pachamama



Ritual Tradicional: Pachamama


Por Marcela Marinho

 



Viver o Peru é uma experiência única e fenomenal. Para além dos pontos turísticos e das histórias contadas pelos guias, sentir os lugares em sua essência requer alma e sensibilidade, requer abertura e amorosidade.


  Eu sei que ando me “derretendo” pelo Peru, mas não é para menos. A cada toque, a cada olhar um sentimento, uma sensação! As energias confluem e são fortes, te embalam e para alguém que inicia sua abertura a espiritualidade e a sensibilidade, que busca rompimento com o racional, ou como minha irmã Andrea diz “rompe com sua geometria”, o Peru é o lugar!

  Muitos festejos e cerimônias aos deuses incas acontecem em territórios onde se consolidaram o estado pré-hispânico das Américas, sendo eles atualmente o sul da Colômbia, o Equador, o Peru, a Bolívia, a região central do Chile e noroeste da Argentina, estes países compartilham a adoração e as comemorações a Pachamama.


  Machu Picchu é famosa por ser um centro energético e do império Inca, mas para falar de ritual a Pachamama guardarei Machu Picchu para o relato mais pessoal. Aqui focalizarei de forma mais ampla os rituais que ocorrem no Peru.

  Alguns blogs narram, com efeito, como recente são essas comemorações, pois na época do império inca, eles não tinham o costume de fazer festas em espaços agrícolas, mas atualmente realizam cerimonias para Pachamama, no sentido de agradecer e pagar pelo provimento dos recursos naturais necessários para viver, que a natureza oferece.

  Os incas então, com muito respeito, oferecem as suas divindades o que comer, o que beber e o que fumar, uma forma de retribuir o que muito elas fizeram por eles.



São múltiplos dos dias de comemoração, cada região escolhe uma data, mas em Moray, por exemplo, onde está localizado sum dos principais “umbigos” do mundo, os festejos são feitos no dia 1º de agosto e reúne xamãs de todas as partes para fazer oferendas e agradecer as graças ofertadas



  Moray tem uma importância cultural centrada no reconhecimento de sua conexão com a Pachamama, pois seus terraços agrícolas concebidos como parte da terra, eles fornecem uma relação direta com a deusa, e, portanto, há uma crença de que por estar em Moray, você pode remover toda a energia negativa do corpo, pois está próximo a Pachamama. Pode fazer pedidos para o futuro, por exemplo. Esse terraço tem a forma de um espiral.


  Alguns elementos simbólicos significativos para a realização dos rituais são relevantes, como os elementos ar, água, terra e fogo. O ar, enviado por Mama, para nos alimentar garantir nossa vivencia; A água que sana nossa sede, que rega nossas plantas, ajudando no processo de crescimento, nos hidratando e igualmente nos mantendo vivos, mas também nutrindo rios, lagos, lagoas e mares, além de fazer com a terra continue fértil para que haja plantio; A terra, por sua vez, que, com a ajuda, da água e do ar nos permite semearmos o alimento e a colheita, que por muitas vezes esquecemos de agradecer; O fogo que nos aquece, em tempos frios, mas que é utilizado para cozinhar os alimentos que extraímos da terra. Cada um com seu papel fundamental para nossa existência que, em um ciclo de amor, dedicação, permissão, nos envolve e protege em uma “bolha” vital. 

  Ainda, para os incas o mundo era dividido em três, os pachas. Pacha é a palavra quéchua para “terra” (como Pacha Mama, mãe terra). Esses mundos são representados por animais: o condor, o puma e a serpente.
O primeiro Hana Pacha é o condor, ave sagrada para os Incas por ser o mensageiro entre o céu e a terra. O segundo Kay Pacha é o puma, representa a força da terra, se observarem a cidade de Cusco tem o formato desse animal. E, por último Uku Pacha é a serpente, símbolo da sabedoria para os Incas, pois sai da terra. Cada um representa também um tempo, o condor o tempo futuro, o puma o tempo presente e a serpente o tempo passado.


Como se dá o ritual tradicional?

  Na cultura inca nunca se pede nada, sempre se agradece! Você deve demonstrar gratidão há tudo que a Pachamama concede e ela lhe abençoa ainda mais! Alguns aspectos me chamam atenção
  • O espaço da cerimônia é decorado! Tem mantas andina, folhas de coca, flores, cereais, metais, velas e elementos da natureza que formam um desenho no chão. Eles utilizam uma concha, que é um objeto precioso e sagrado para os incas para preparar oferendas. Cada elemento possui um significado.
    Utilizam osso de lhama, pedaços do animal vivo para representar a morte e a vida. Usam também algodão para simboliza o céu, a folha de coca para representar o mundo inferior. São usados quatro tipos de flores simbolizando os pontos cardeais. Cada um dos elementos é mergulhado em três taças, cada uma contendo o suco de um tipo de milho.
  • Os xamãs são considerados os interlocutores e aqueles que se comunicam diretamente com os espíritos da montanha e as forças da natureza.
  • No Peru o ritual é conhecido como “pago” e o pago se faz na forma de rezas e presentes materiais, como comida, álcool e outros itens necessário.
  • A intenção da cerimônia é alcançar uma harmonização com a terra, agradecer e honrar os novos começos, pode também eliminar uma doença ou uma energia que já não se deseja.
  • O respeito e a fé são muito importantes durante a cerimônia.
  • O xamã pede que as pessoas façam um pedido em silencio à Pachamama, e tocando suas cabeças vai adicionando mais coisas ao pago, mais presentes para a deusa.
  • A área sagrada é um buraco, representando o umbigo do mundo, em acesso à terra, onde são lançadas as oferendas. Se faz um fogo e aos poucos as oferendas são queimadas ou se pode fazer um grande embrulho com as oferendas e depois queimadas nessa área sagrada.
     
    A oferenda a Pachamama é uma tradição milenar dos povos Andinos que temos que respeitar. É fonte de conhecimento, espiritualidade e fé. Segue um vídeo de uma cerimônia ocorrida em Cusco/Peru.




    Ofrenda a la Pachamama: conozca este mítico ritual andino en el Cusco


    Pela cura, pelo sagrado, pela totalidade.

2 comentários:

  1. Obrigado, meninas, pela preparação cuidadosa do nosso ritual e pelas informações. Deu até vontade de conhecer o Peru!

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